Os trolls estão à solta!




“Don’t feed the trolls”, dizia o comentário que uma menina fez em um post do Facebook de uma amiga em comum. Dei risada. Ela quis dizer que não devemos alimentar a fome briguenta, ignorante e desenfreada dos“trolls”, gíria em inglês para designar as pessoas que têm comportamento destrutivo (em relação aos outros, não a si mesmas) na internet. Vocês sabem muito bem quem são eles, e já falamos disso aqui.
Parece que vivemos a era dos trolls na internet, eles foram libertados de algum mundo paralelo da literatura fantástica. A minha teoria é que eles têm características de lobisomem, e só se transformam sob condições específicas. Se a dos lobisomens é a lua cheia, a dos trolls é o anonimato garantido pela internet. Eles precisam disso para manter seu comportamento destruidor. Afinal, você vê a mesma quantidade de trolls da internet nas ruas, nos transportes coletivos, no escritório? Não. Eles são covardes, e a maioria não tem coragem de revelar a própria identidade porque sabe que todos os telhados são de vidro. Ligam o computador, tiram (ou colocam?) suas máscaras e partem para o ataque.
Basta atrever-se a ler os comentários nas notícias da web e já se encontra uma porção deles, urubus que nada produzem, nada contribuem, só servem para incomodar e destruir.
Outro dia vi um artigo engraçadíssimo do Sakamoto (que provavelmente era uma resposta a comentários sem-noção que ele recebe) então observamos como ele deve ter paciência para ignorar tantas ofensas sem sentido. E aí foi levantado um ponto muito pertinente: a internet tem conteúdo interessante e construtivo para todos os tipos e gostos. Por que então tem gente que passa a maior parte do seu tempo acessando páginas de coisas que não gostam só para destruir, discutir e reclamar?
Pode ser que tenham muito tempo livre, mas muito provavelmente são pessoas inseguras que se sentem melhor usando o conteúdo alheio como saco de pancada para aliviar suas tensões e problemas. E destilar intolerância, é claro! Isso é intrínseco aos trolls.
Sua vida não dá certo? Você está na seca há um tempão? Seu chefe te maltrata? Sua conta está no vermelho? Ninguém quer ser seu amigo? Lide com os seus problemas, amigão. Todo mundo tem problemas! Se você tem tanta convicção assim das suas opiniões para achincalhar a dos outros, por que não prova por A + B que a sua está certa? A pancadaria virtual é mais eficaz? Você dorme mais feliz por causa disso?
Criticar é algo necessário, mas perigoso. Mas a diferença fundamental é que uma crítica vazia, sem conteúdo ou defesa, é lixo. Uma crítica argumentada e bem colocada é construtiva. O que os trolls fazem é só vomitar seu lixo nos outros, pouco se importando se as coisas vão melhorar ou não, tampouco em qual é o ponto de vista do outro.
Minha dica é que todos otimizem seu tempo na internet (e de vida, peloamor) procurando aquilo que gostam e se interessam, e não fiquem incomodando os outros gratuitamente. Viu algo que não curtiu e quer falar? Beleza. Mas fale como você falaria com uma pessoa na rua, em um comércio, em um escritório, na escola. Fale como um humano, e não como um ogro. Afinal, você vive com outras pessoas na sociedade e, se quiser cobrar o respeito e civilidade dos outros, tem que contribuir também.
Ou então garanta já sua vaga no zoológico ou no circo e livre-nos de conviver com seus desagradáveis e desnecessários comentários. Fica aqui falando com a minha mão que eu vou viver e já volto.
Célio Azevedo.
Fonte: Texto originalmente escrito na página AnsiaMente no Facebook.